Já regressei ao 7º piso da UMA, após uma viagem emocionante. Foi um passeio muito bonito, ao som "da minha pépépé", vi coisas que nunca pensei ver ao vivo e aprendi a dar valor a uma casa de banho razoável por dois bons motivos.
A primeira emoção foi sair de Luanda, nunca mais vou refilar com o trânsito caótico de Lx, a "estrada de Viana" é simplesmente uma loucura. Resumindo, trata-se de uma “auto-estrada” de terra batida ou em asfalto cheio de crateras. Para além disso, é uma estrada que praticamente não possui sinalização e onde é tudo à molhada, motas, jipes, autocarros TT e toda a espécie de bagagem, só para exemplificar: um motor de camioneta dentro de uma Toyota Haice com a mala aberta.
A segunda emoção foi a fertilização dos solos que levei a cabo por estas terras. Ainda não sei se foi do balanço ou se foi por outro motivo, mas acabámos por ter de parar 3x num curto espaço de tempo. Não parámos mais porque uma certa cápsula que tomei teve o efeito que se esperava. Mesmo assim, foram só 3x e em três províncias diferentes.
A terceira emoção foi ver ao vivo as aldeias africanas, pessoas em tudo o que era berma de estrada e paisagens indescritíveis.
A terceira emoção foi o CD que passou vezes sem conta, onde se destaca:
"tu és a minha pépépé
a minha pipipi
a minha pépépé
tu és a minha "pikena"
"tu és a minha pépépé
a minha pipipi
a minha pópópó
pausa
popozuda"
Foi uma pena estar um pouco debilitado, porque havia muita cerveja e muito pastel para malhar. Tive de me aguentar, mas não foi por isso que o passeio deixou de ser bom.
Passados uns bons kms, chegámos ao local mais desejado de toda a viagem, as quedas de água de Kalandula. Não acho que deva escrever muito sobre isso, basta que vejam as fotos, é uma paisagem fantástica. Ainda andei a desbravar mato para tentar chegar o mais perto possível das quedas mas não estava equipado para tal e perdi-me do guia, ou seja, o homem da catana.
Quem lá chegou teve de sofrer um bocado, passar por muita lama e cair 2 ou 3x. Mesmo assim, para essas pessoas, o sacrifício valeu a pena.
O próximo passo foi ver se encontrávamos um local para almoçar nas calmas. Passados alguns kms parámos e atacámos o frango, o pão e as cervejas fresquinhas. O que sobrou, de comida, foi oferecido a algumas pessoas que viviam ali por perto. No início era apenas um grupo 5 ou 6 miúdos mas que rapidamente aumentou, até que finalmente acabou a comida. Ficaram mesmo contentes, é certo que não é todos os dias que têm um almoço como aquele.
Seguimos viagem e chegámos a Malange, onde estava à nossa espera a 6ª emoção. Ficámos hospedados num hotel de 1 estrela, com camas muito más, uma casa de banho sem água para 5 ou 6 quartos e um gerador que fazia um barulho enorme. Contudo, isso não nos impediu de tomar banho. Tínhamos água limpa (não cheirava mal) num alguidar e umas canecas para deitar água por cima. Fomos jantar fora e todos escolheram o mesmo, um belo dum bitoque.
Seguiu-se a parte que todos queriam adiar, ir para os quartos e tentar dormir. Eu dormi vestido e cheio de repelente de mosquitos, aos menos assim deixei-me dormir mais descansado.
No regresso, babei o carro todo, foi só dormir. Quando não estava a dormir estava atento aos buracos e à paisagem, porque nunca é demais passar por aqueles locais 2x. Aqui fica a última foto (Pedras Negras).
Foi portanto uma viagem inesquecível e ainda bem que não houve problemas. Podia contar muito mais coisas, conto quando for a Évora, um dia destes.
Grande abraço.
O Angolano Eborense
Até parece mentira, o Angolano Eborense a actualizar um blog dois dias seguidos. Estão a ver?! “Angola é bom!”
Acontece que depois da “Cuca Light”, e já explico de que se trata, fui um bocado para o laboratório de engenharia mecatrónica, preparar uma pequena aula prática de automação para o curso de engenharia industrial e de sistemas e eléctricos (EISE). Esse lab situa-se no 2º piso, portanto é um bocadinho deslocado do 7º, piso onde vivem os professores residentes. Vim cheio de moral e estou a escrever.
Resumindo, aqui começa-se cedo, depois a meio da manhã faz-se uma pausa e sobe-se o 7º piso para comer qualquer coisa, volta-se ao 7º piso para almoçar, normalmente só depois das 13h.
Ao anoitecer, 18h30 ou 19h é hora da “Cuca Light”, ou seja, uma cervejola local, que é bem boa quando está bem fresca. A malta que se reúne consiste em elementos do 7º piso, malta da Torpolis (não sei se é assim que se escreve), uma empresa de construção, e por vezes a estrela da zona, o grande Camacho, o desenrasca da U.M.A. (manutenção).
Portanto, meus caros amigos, a vida aqui é quase sempre dentro de 4 paredes, mas tem os seus momentos de descompressão.
A entrada para o 7º piso, onde se pode ver o local onde as empregadas tratam da roupa, o elevador e as escadas para o 8º piso (administração)
A igreja Metodista, vista do 7º piso.
A parte mais fixe da universidade, o lab de Mecatrónica
O Angolano Eborense
